domingo, 16 de setembro de 2012

Quando descobri

Quando temos um diagnóstico de câncer e acho que qualquer outra doença de mesma importância, o chão se abre...

Para mim, confesso que não foi exatamente assim. No dia em que, na minha casa apalpei o nódulo, algo me dizia que tratava-se de algo não desejado. No dia que fui na médica e ela me disse "requer pesquisa" e depois "vamos puncionar", chorei muito, pois ali foi quase a minha confirmação. Meu coração já me dizia.

Feito o desabafo, parti para a luta. Fiz exames em tempo recorde, contando com o apoio de minha médica e da minha grande amiga Carin, que foram incansáveis na busca das marcações e antecipação de laudos. É muito importante neste momento acionarmos a nossa "rede" de amigos para nos ajudar nas coisas que outros podem fazer. Assim, ficamos com a cabeça mais liberada para focarmos em outras coisas.

Busquei imediatamente um respaldo espiritual. Procurei um grande amigo, que me ajudou a manter o equilíbrio, paz e confiança. Os momentos de dor e tristeza são até necessários, mas devem ser passageiros.

Sou uma pessoa extremamente ansiosa, mas a fé é algo tao sublime, que tenho tido uma serenidade ímpar. Impressionante....

A fase de exames foi desgastante. Cansa mesmo. Quando achamos que acabou, surge mais um pedido. As vezes me sentia até invadida. Tanta gente mexendo nos meus seios, olhando-os por dentro...Ufa!

Os exames mais precisos e esclarecedores, demoram mais a serem divulgados. Mas tudo é tão encaixadinho, que até este tempo de espera é importante para nos fortalecer. A gente vai tendo evidências, mas não tem a plena certeza. Enquanto isso, muita oração e gostosuras.

Como comi! Procurava fazer as refeições de forma balanceada, mas sempre finalizando com um "mimo", e cada um tem o seu. Os meus eram os doces. Ai, como afagaram meu coração....

Voltando aos exames, fiz questão de não abrir nenhum deles. Entregava lacrado para a médica, assim como os recebia. Não sou da área de saúde, sou Engenheira. Não saberia mesmo interpretar aqueles termos, então deixava para quem tem competência para tal. Google? NEM PENSAR!!!

Procurei também pensar no lado operacional da coisa. O que precisaria, onde ficaria, o que vestiria, como iria me distrair após a cirurgia. Assim, tirava o foco da doença e ocupava minha cabeça com coisas importantes para o meu bem-estar e de minha família.

Resolvemos que eu ficaria na casa de minha mãe, no quarto dela mais precisamente. Resolvi então presenteá-la com uma nova tv, o que demandou também uma pintura da parede. Mudamos a cor da parede - e de várias outras paredes da casa...rs

Compramos quadros, um aparador para sala e uma cadeirinha para o quarto que eu ficaria. Cada dia escolhíamos uma coisa, sem pressa. Foram momentos muito gostosos, que me faziam esquecer das dificuldades. Além disso, a casa ficou alegre, como nova. Pronta para a nova vida!

A compra das roupas de dormir foi mais ou menos parecida. É importante fazer das pequenas coisas um evento!

3 comentários:

  1. "É importante fazer das pequenas coisas um evento!"

    A felicidade vem de coisas simples, um carinho, um agrado, um abraço uma ligação, um por do sol, um nascer do sol, a chuva e etc... etc... etc.

    Não precisamos de GRANDES coisas na vida para sermos felizes.... precisamos aproveitar o que temos e o que somos, sem esquecer a batalha pela melhora que não deve apagar nossos momentos de felicidade.

    Obrigado pelos momentos que a família me deu.....

    1000 bjssssss e SAÚDE!!!!!!

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  2. Rachel tenho sempre perguntado por você a Paula. Achei vc nesta foto linda e pelas suas palavras, realmente mais linda por dentro. Vou achar um tempo de te ver, pois estou trabalhando muito, mas prometo te ver.
    Te amo muito, vc sabe.
    Beijos, Tia Wania

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