Tenho abordado muito nas minhas sessões de terapia, a questão da dor. Não a dor física, mas a dor da alma e a memória marcada pelos momentos de dificuldade.
A dor é necessária e inevitável para qualquer um e quando entendemos isso, a sensação de punição deixa de ter sentido.
Não me sinto "a" escolhida para viver tal dificuldade. Apenas esta é a minha dor, a minha história, meu meio de crescimento.
Eu tenho coragem e enorme instinto de vida. Descobri também o bom humor e a criatividade. Se é inevitável, que seja com leveza.
Tenho descoberto que as pessoas tem grandes dores. Muitas mesmo. Eu não tinha noção disso. Sei lá em que mundo eu vivia.....
Dia desses falei para minha terapeuta que achava que jamais esqueceria do cheiro da sala que faço quimio. Tem cheiro de quimioterapia, que só os pacientes são capazes de sentir. Ela então me disse que nosso corpo tem mecanismos para recalcar as nossas dores, pois caso contrário, seria muito difícil viver. O que não for recalcado, é objeto de terapia.
Começei então a observar e fazer uma retrospectiva. Minha constatação foi a confirmação do que ela disse. Eu não consigo mais sentir a dor dos primeiros meses desta caminhada. Aquela dor não me dói mais.
Embora lembre que foram momentos de grande dificuldades, lágrimas e muita superação, aquelas emoções recalcaram mesmo.
Bom descobrir no corpo um grande aliado.
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